O franco-nova-iorquino Anthony Bourdain já causou polêmicas em 2001 quando lançou Cozinha Confidencial e mostrou bastidores não muito agradáveis de restaurantes famosos; compilou artigos (Em Busca do Prato Perfeito), escreveu romance (Bobby Gold, leão-de-chácara) e revelou receitas do Les Halles, onde trabalhou em Nova York, cidade, aliás, em que vive. Agora, com o mesmo humor e ironia que o consagrou, o chef-escritor traz em Maus Bocados (Companhia das Letras, 360 pág., R$ 49,00) um diário de viagem onde descreve as peripécias de um cozinheiro curioso, que viaja os quatro cantos do mundo e prova os pratos mais exóticos. É, na verdade, um recurso que encontrou para trazer ao público outros registros de suas peregrinações pelas diversas gastronomias, além das veiculadas no programa de culinária que faz para a tevê. "O livro foi uma forma de mostrar algumas coisas que não consegui levar ao programa, porque ele era muito curto", diz ele, ao Paladar, em sua primeira entrevista de divulgação do livro a um veículo brasileiro.
No programa, Bourdain não deixou de passar pelo Brasil. Mas não é a vinda que está ali no documento audiovisual, realizada em janeiro do ano passado, que foi registrada no livro. Em Maus Bocados, ele relata sua primeira vez por aqui, a convite do editor da revista Food Arts, quando visitou São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. De São Paulo teve a impressão que fica difícil rebater: "É feia como o inferno". Mas não é antipatia. Bourdain explica: "Realmente é muito feia, mas fiz grandes amigos e fui muito bem recebido"."Fanático" por comida japonesa, por ser uma "comida leve e barata", Bourdain não aprovou a tradicional culinária da Liberdade. "Achei muito pesada", avalia. Mas diz ter adorado a feijoada da Cláudia, uma mulher da Vila Madalena que faz o prato sob encomenda, e também o sanduíche de mortadela do Mercadão. "É simples, mas é saborosíssimo. Não tenho nenhum preconceito com comida simples, pelo contrário", enfatiza.
No País, o chef simpatizou bastante com o restaurante Sorriso de Dadá, em Salvador. E não só pela picante comida, resultada dos típicos temperos baianos ("condimentos onipresentes e inebriantes") - mas também pela alegria do povo. "Gostei do ambiente, da cozinheira, da bebida, da música...Não sei se foi o restaurante que mais gostei da comida, mas foi o que me senti mais bem acolhido. Achei a Bahia muito interessante como um todo". Este apego pela situação, que por vezes sobrepõe o nível técnico de avaliação gastronômica, é uma característica que Bourdain revela já no prefácio do novo livro, quando relata a experiência de degustar uma foca, entre sangue e gosmas, com uma família canadense, na baía de Hudson ("como descrever a sensação de aconchego e intimidade naquela cozinha que, não fosse isso, seria prosaica?"). É assim, um tanto romântico, que ele conta à reportagem ter se apaixonado por Laus, no Sul da Ásia. "É um país que se envolveu na Guerra do Vietnã e que guarda uma história muito triste e, ao mesmo tempo, linda. A história deste país é muito evidente nas pessoas", diz ele.
O humor sarcástico verificado mais uma vez em Maus Bocados, é explicado pelo autor: "Todo chef tem que ser descontraído, senão acaba ficando louco com tanta pressão". É essa mesma pressão, diz ele, que justifica o Sistema D praticado por diversos chefs, que no Brasil poderia ser denominado de ‘jeitinho brasileiro’. Como, por exemplo, o caso de chefs que espremem a carne que ainda está ao ponto para sair o sangue e ficar bem passada mais rapidamente. "É ruim, mas eu compreendo, por já ter trabalhado em grandes restaurantes e ver a pressão que são submetidos".
Atualmente, Bourdain está numa fase "light". Recém-casado, diz que está fazendo tudo o que gosta: "comendo, viajando, me divertindo e aproveitando o casamento". Nos planos, um novo livro e adianta: será um romance policial. "Já estou até escrevendo". E livros de receita - teremos outros? "Não sei se pretendo escrever mais livros de receitas". Mas aos brasileiros, uma boa notícia: "Quero voltar ao Brasil o mais rápido possível".
Por enquanto, a opção é "viajar" pelo mundo com Bourdain: Maus Bocados chega às lojas no próximo dia 26.
No programa, Bourdain não deixou de passar pelo Brasil. Mas não é a vinda que está ali no documento audiovisual, realizada em janeiro do ano passado, que foi registrada no livro. Em Maus Bocados, ele relata sua primeira vez por aqui, a convite do editor da revista Food Arts, quando visitou São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. De São Paulo teve a impressão que fica difícil rebater: "É feia como o inferno". Mas não é antipatia. Bourdain explica: "Realmente é muito feia, mas fiz grandes amigos e fui muito bem recebido"."Fanático" por comida japonesa, por ser uma "comida leve e barata", Bourdain não aprovou a tradicional culinária da Liberdade. "Achei muito pesada", avalia. Mas diz ter adorado a feijoada da Cláudia, uma mulher da Vila Madalena que faz o prato sob encomenda, e também o sanduíche de mortadela do Mercadão. "É simples, mas é saborosíssimo. Não tenho nenhum preconceito com comida simples, pelo contrário", enfatiza.
No País, o chef simpatizou bastante com o restaurante Sorriso de Dadá, em Salvador. E não só pela picante comida, resultada dos típicos temperos baianos ("condimentos onipresentes e inebriantes") - mas também pela alegria do povo. "Gostei do ambiente, da cozinheira, da bebida, da música...Não sei se foi o restaurante que mais gostei da comida, mas foi o que me senti mais bem acolhido. Achei a Bahia muito interessante como um todo". Este apego pela situação, que por vezes sobrepõe o nível técnico de avaliação gastronômica, é uma característica que Bourdain revela já no prefácio do novo livro, quando relata a experiência de degustar uma foca, entre sangue e gosmas, com uma família canadense, na baía de Hudson ("como descrever a sensação de aconchego e intimidade naquela cozinha que, não fosse isso, seria prosaica?"). É assim, um tanto romântico, que ele conta à reportagem ter se apaixonado por Laus, no Sul da Ásia. "É um país que se envolveu na Guerra do Vietnã e que guarda uma história muito triste e, ao mesmo tempo, linda. A história deste país é muito evidente nas pessoas", diz ele.
O humor sarcástico verificado mais uma vez em Maus Bocados, é explicado pelo autor: "Todo chef tem que ser descontraído, senão acaba ficando louco com tanta pressão". É essa mesma pressão, diz ele, que justifica o Sistema D praticado por diversos chefs, que no Brasil poderia ser denominado de ‘jeitinho brasileiro’. Como, por exemplo, o caso de chefs que espremem a carne que ainda está ao ponto para sair o sangue e ficar bem passada mais rapidamente. "É ruim, mas eu compreendo, por já ter trabalhado em grandes restaurantes e ver a pressão que são submetidos".
Atualmente, Bourdain está numa fase "light". Recém-casado, diz que está fazendo tudo o que gosta: "comendo, viajando, me divertindo e aproveitando o casamento". Nos planos, um novo livro e adianta: será um romance policial. "Já estou até escrevendo". E livros de receita - teremos outros? "Não sei se pretendo escrever mais livros de receitas". Mas aos brasileiros, uma boa notícia: "Quero voltar ao Brasil o mais rápido possível".
Por enquanto, a opção é "viajar" pelo mundo com Bourdain: Maus Bocados chega às lojas no próximo dia 26.
Fonte:
Estadão
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