24 de novembro de 2009

Santa Catarina lança primeiro vinho e suco de uva orgânicos registrados

O lançamento do primeiro vinho orgânico e primeiro suco de uva integral orgânico de Santa Catarina, com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), acontece amanhã, 3 de dezembro, na Agroindústria e Vinícola Valiati que estará sendo inaugurada na ocasião, situada à Rua Expedicionário Aleandro Stédile, 2.800, bairro Itoupava, em Rio do Sul (SC).



Às 17h a visitação às áreas de cultivo orgânico dá início a programação que inclui a solenidade de inauguração, às 18h e o coquetel de confraternização, com degustação dos vinhos e sucos de uva orgânicos, às 19h30.

"Tenho a certificação Instituto Biodinâmico (IBD) de São Paulo, a primeira do Sul e a 2ª. do país", informa o produtor Vili Valiati.

O policial militar Vili Valiati, filho de produtores rurais, decidiu em 1998, com apoio do engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) aposentado João Favorito de Barba, começar o cultivo orgânico de uva e de pêssego na propriedade rural que possui em Rio do Sul.

Em 2000 também com a assessoria da empresa, iniciou um projeto de agroindústria e vinícola, concluído este ano. Os Valiati tem 15 hectares de terra e cultivam 3 ha com uva Bordo e Niágara. Este ano a expectativa é colher 25 toneladas em janeiro próximo. Além de processar a própria uva, Valiati atende a outros produtores. A capacidade atual de sua vinícola é de processar 100 toneladas de uva por safra.

"Há uma grande demanda por produtos orgânicos e a nossa expectativa quanto à comercialização, é a melhor possível", garante Valiati.

Promovem o evento, o Governo do Estado de Santa Catarina e a Prefeitura Municipal de Rio do Sul, com apoio da Epagri.

Fonte:
http://www.agrosoft.org.br

ENCERRAMENTO DO PETRÓPOLIS GOURMET EM GRANDE ESTILO



Final de semana com toque francês na Serra

Neste final de semana foram realizadas as últimas atividades do IX Petrópolis Gourmet.
O grande destaque foi a final do I Concurso Cultural Gastronômico Vive la France, que premiou a vencedora com uma bolsa de estudos de 10 dias no Instituto Regional de Cooperação e Desenvolvimento da Alsace/França (IRCOD).

No sábado (dia 21) o chef francês Franck Mischler realizou a sua terceira oficina sobre “Alta Gastronomia Francesa”, sucesso absoluto no festival.
Depois foi a vez da tão aguardada final do concurso, onde as três finalistas executaram seus pratos para o júri formado dessa vez pela chef docente do SENAC, Elizabeth Muniz, o sommelier Henry Schneider, o chef Barão, a coor
denadora de educação do Centro de Gastronomia do SENAC Rio, Francine Xavier, e o chef francês Franck Mischler.
O primeiro lugar foi para Anna Paula Leal, estudante do último ano de Gastronomia da Estácio, com o prato “Truta ao creme de endívia e abóbora com geléia de pimenta”.
O segundo ficou com Márcia Vieira, formada em Gastronomia pelo SENAC e pela Estácio, com o prato “Truta em leito de espinafre com molho de limão siciliano, shitake e crocante de castanha do
Pará”, e o terceiro para Maria Gabriella de Andrade, estudante do 2º período de Gastronomia da Estácio, com o prato “Truta aos cogumelos dijon e purê de cenoura”.
As duas ganharam bolsas de estudos na área de gastronomia no SENAC Rio.

Anna Paula comentou que mesmo terminando a faculdade, ainda não sabia como se encaixar no mercado, qual foco deveria seguir. “Estou muito feliz. Essa experiência na terra que é o berço da gastronomia vai dar um gás e um direcionamento na minha carreira.”
Sobre a receita escolhida, ela disse que preferiu usar os ingredientes que conhecia melhor e que gostava também. “O creme de endívias foi adaptação de outra receita, a abóbora foi para dar um colorido ao prato, a geléia de pimenta para dar um toque picante e o shimeji para finalização e decoração. Juntei tudo e deu certo”, disse.

No domingo (dia 22) duas atrações marcaram o encerramento desta edição do Petrópolis Gourmet: uma palestra com Eduardo Jorge, autor do livro “A Francesa História do Brasil”, e a apresentação musical de Gabriela Guerra.
Ao final, confraternização com espumante e a satisfação de mais um dever cumprido.

“Traduzo o evento em duas palavras: superação e inovação. Superamos as dificuldades e inovamos com esse magnífico concurso. Fizemos um evento dessa magnitude com poucos recursos, mas muito apoio. A todos os apoiadores e participantes, muito obrigado”, disse emocionado o presidente do Convention Bureau, Flávio Câmara.

O IX Petrópolis Gourmet foi mais uma realização do Petrópolis Convention & Visitors Bureau e o Concurso foi promovido pelo SENAC Rio.
E para 2010 muitas surpresas e novidades.
O mais famoso festival gastronômico da Região Serrana vai completar 10 anos. Aguardem!

6 de novembro de 2009

Enquente


Quem alguma vez na vida não teve um mal subito idependentemente da quantidade de alcool ingerida?
Quem alguma vez por causa de estar muito alegre ou muito triste tomeou duas taças de vinho ou outra bebida e isso lhe subiu como um vulcão em erupção?
Se você acho que fatores emocionais como alegrias intensa, problemas familiares, seu time perdeu, brigou no trabalho ou inumeros outros exemplos influenciam, independetemente da quantidade ingerida, vote na enquete, é importante e em breve todos saberemos o por que;

4 de novembro de 2009

HISTÓRICO DA CACHAÇA



“Minha terra tem palmeiras?
Não, minha terra tem engenhocas
de rapaduras e cachaça (...)
Tem cana caiana e cana crioula.
Cana-pitu, cana rajada, cana-do-governo
E muitas outras canas de garapa (...)”

Carlos Drumond de Andrade


A cana-de-açúcar, elemento básico para a obtenção, através da fermentação, de vários tipos de álcool, entre eles o etílico. É uma planta pertencente à família das gramíneas (Saccharum officinarum) originária da Ásia, onde teve registrado seu cultivo desde os tempos mais remotos da História.

Os gregos registram o processo de obtenção da ácqua ardens. A Água que pega fogo - água ardente (Al Kuhu). A água ardente vai para as mãos dos Alquimistas que atribuem a ela propriedades místico-medicinais. Transforma-se em água da vida. A Eau de Vie é receitada como elixir da longevidade.

A aguardente então vai da Europa para o Oriente Médio, pela força da expansão do Império Romano. São os árabes que descobrem os equipamentos para a destilação, semelhantes aos que conhecemos hoje. Eles não usam a palavra Al kuhu e sim Al raga, originando o nome da mais popular aguardente da Península Sul da Ásia: Arak. Uma aguardente misturada com licores de anis e degustada com água. A tecnologia de produção espalha-se pelo velho e novo mundo. Na Itália, o destilado de uva fica conhecido como Grappa. Em terras Germânicas, se destila a partir da cereja, o kirsch. Na Escócia fica popular o Whisky, destilado da cevada sacarificada. No extremo Oriente, a aguardente serve para esquentar o frio das populações que não fabricam o Vinho de Uva. Na Rússia a Vodka, de centeio. Na China e Japão, o Sakê, de arroz. Portugal também absorve a tecnologia dos árabes e destila a partir do bagaço de uva, a Bagaceira.

Os portugueses, motivados pelas conquistas espanholas no Novo Mundo, lançam-se ao mar. Na vontade da exploração e na tentativa de tomar posse das terras descobertas no lado oeste do Tratado de Tordesilhas, Portugal traz ao Brasil a Cana de Açúcar, vindas do sul da Ásia. Assim surgem na nova colônia portuguesa, os primeiros núcleos de povoamento e agricultura.

Os primeiros colonizadores que vieram para o Brasil, apreciavam a Bagaceira Portuguesa e o Vinho d'Oporto. Assim como a alimentação, toda a bebida era trazida da Corte. Num engenho da Capitania de São Vicente, entre 1532 e 1548, descobrem o vinho de cana de açúcar - Garapa Azeda, que fica ao relento em cochos de madeiras para os animais, vinda dos tachos de rapadura. É uma bebida limpa, em comparação com o Cauim - vinho produzido pelos índios, no qual todos cospem num enorme caldeirão de barro para ajudar na fermentação do milho, acredita-se. Os Senhores de Engenho passam a servir o tal caldo, denominado Cagaça, para os escravos. Daí é um pulo para destilar a Cagaça, nascendo aí a Cachaça.

Dos meados do Século XVI até metade do Século XVII as "casas de cozer méis", como está registrado, se multiplicam nos engenhos. A Cachaça torna-se moeda corrente para compra de escravos na África. Alguns engenhos passam a dividir a atenção entre o açúcar e a Cachaça. A descoberta de ouro nas Minas Gerais traz uma grande população, vinda de todos os cantos do país, que constrói cidades sobre as montanhas frias da Serra do Espinhaço. A Cachaça ameniza a temperatura.

Incomodada com a queda do comércio da Bagaceira e do vinho portugueses na colônia e alegando que a bebida brasileira prejudica a retirada do ouro das minas, a Corte proíbe várias vezes a produção, comercialização e até o consumo da cachaça. Sem resultados, a Metrópole portuguesa resolve taxar o destilado. Em 1756 a aguardente de cana de açúcar foi um dos gêneros que mais contribuíram com impostos voltados para a reconstrução de Lisboa, abatida por um grande terremoto em 1755.

Como símbolo dos Ideais de Liberdade, a cachaça percorre as bocas dos inconfidentes e da população que apóia a Conjuração Mineira. A Aguardente da Terra se transforma no símbolo de resistência à dominação portuguesa. Com o passar dos tempos melhoram-se as técnicas de produção. A cachaça é apreciada por todos. É consumida em banquetes palacianos e misturada ao gengibre e outros ingredientes, nas festas religiosas portuguesas - o famoso Quentão.

No século passado instala-se, com a economia cafeeira, a abolição da escravatura e o início da república, um grande e largo preconceito a tudo que fosse relativo ao Brasil. A moda é européia e a cachaça é deixada um pouco de lado.

Em 1922, a Semana da Arte Moderna, vem resgatar a brasilidade. No decorrer do nosso século, o samba é resgatado. Vira o carnaval. Nestas últimas décadas a feijoada é valorizada como comida brasileira especial e a cachaça ainda tenta desfazer preconceitos e continuar no caminho da apuração de sua qualidade.

Hoje, várias marcas de alta qualidade figuram no comércio nacional e internacional e estão presentes nos melhores restaurantes e adegas residenciais pelo Brasil e pelo mundo.

Linguagem da Cachaça:

Antes do termo cachaça firmar-se, no Brasil, definitivamente como a aguardente derivada da fermentação e destilação do caldo ou do melaço da cana-de-açúcar, convém registrar um nome que prevaleceu pelos séculos XVI e XVII. Era também muito popular jeribita e suas variações: jiribita, jurubita, geribita, giribita, geriba, piripita. Ainda hoje, em alguns locais do Brasil, fala-se uma dessas formas. Os dicionários da época registram todas elas como sinônimo de cachaça e de aguardente.

Porém, Câmara Cascudo (1991) alerta que muitas vezes a fala popular e os documentos literários e estatais (legais e de fisco) indicam que são líquidos diferentes. Ao mesmo tempo, documentos comerciais gravam eufemismos como aguardente da terra, vinho da terra e vinho de mel que, na verdade, são cachaças, para diferenciar de geribita de fora, aguardente (solitariamente para designar bagaceira), aguardente do reino ou ainda bagaceira. A cachaça azeda ou garapa azeda, registrada no final do século XVII, é o caldo fermentado, sem destilação, que também, em excesso, embriaga. É como a garapa doida, que encontramos no início deste século no Acre, onde não havia alambiques, somente engenhocas para moer a cana. O nome pinga só veio depois, no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, segundo Câmara Cascudo (1991), no final do século XIX. Era a destilação, depois da fervura e evaporação do caldo fermentado, que "pingava" na bica do alambique.

Isso é parte de uma monografia que apresentei na UNIRIO.