Sou uma apaixonada pelo Norte, e pelas coisas que só o Norte nos dá.
Ontem recebi a Revista Gula, estou ainda meio estranha com a revista após a mudança da linha editorial, mas...
E na revista só se fala da tal da Priprioca, já sei que teremos uma lavagem cerebral pela frente, e tal da priprioca, vai ser enfiada em tudo quanto é lugar. Isso realmente é uma coisa que me cansa.
Na revista por exemplo desde bebidas caipirinhas e comidas, tudo se chama Priprioca, pô gente a priprioca é só um ingrediente.
E na verdade, não é por que conheço a priprioca fazem mais de 9 anos, que todo mundo é obrigado a conhecer.
Mas para elucidar o tal, resolvi escrever sobre ela.
Na verdade na culinária, ela entre meio que como uma baunilha cabocla, mas vamos a algo mais explicativo.
Planta que constitui o principal ingrediente dos encantados banhos de cheiro usados pelos paraenses nas festas de São João e nas comemorações de final de ano, a priprioca representa uma importante fonte de renda para famílias de produtores rurais e feirantes do estado do Pará, como os que trabalham no mercado do Ver-O-Peso, em Belém.
Desde 2000, esse vegetal é alvo de estudos realizados pelo Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), em parceria com outras instituições de pesquisa do Estado, e cujos resultados estão reunidos no livro Priprioca: um recurso aromático do Pará, lançado no último dia 11, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia.
Desenvolvidas pelo Museu Goeldi, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Embrapa Amazônia Oriental e Universidade do Estado do Pará (UEPA), essas pesquisas permitem que se conheça melhor a priprioca, principalmente suas estruturas; aspectos botânicos, químicos e farmacológicos; e locais de ocorrência.
Os estudos traçam também um panorama das cadeias produtiva e comercial desse vegetal que apresenta aroma que a muitos seduz.
"Priprioca é o nome vulgar", informa a pesquisadora Raimunda Potiguara, da Coordenação de Botânica (CBO), do Museu Goeldi.
Ela explica que a denominação popular engloba, na verdade, três espécies: Cyperus articulatus, Cyperus prolixus e Cyperus rotundus, as duas últimas popularmente conhecidas como pripriocão e priprioquinha, respectivamente. "Elas têm morfologias diferentes.
O pripriocão chegou a ser cultivado, mas seu óleo essencial não apresentou aroma tão agradável quanto o da priprioca, cuja qualidade olfativa é superior", conta Graça Zoghbi, também especialista da CBO.
CHEIRO DO PARÁ PARA O BRASIL INTEIRO Museu Goeldi e UFRA compartilham o pioneirismo no estudo dessa planta tão importante para o sustento dos caboclos da Ilha de Cotijuba, distrito de Belém, e dos municípios paraenses de Santo Antônio do Tauá e Acará.
E tudo começou com o projeto Plantas Aromáticas na Amazônia: Alternativa Econômica para Comunidades Rurais, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), voltado para a análise das cadeias produtivas de plantas aromáticas do Pará e executado pelas duas instituições.
"Durante o projeto, verificamos que a priprioca era muito comercializada no Estado", conta Zoghbi.
Ela recorda que começou a incentivar os demais pesquisadores do Museu para a realização de pesquisas voltadas para a planta, que, segundo informa, tem cultivo em escala comercial somente no Pará.
"O cultivo, a comercialização e a uso da priprioca pelas empresas de perfumaria remonta há mais de 30 anos".
A pesquisadora relata que esse vegetal foi cultivado inicialmente em Acará e noutros municípios do nordeste paraense, por meio do sistema de coivara, no qual os agricultores fertilizam o solo ateando fogo na vegetação e utilizando os resíduos dessa queimada como adubo.
Posteriormente, os caboclos passaram a utilizar esterco de aves como fertilizante do terreno, num processo de adubação orgânica.
"A priprioca é bastante exigente em relação ao solo. Daí que não foi difícil abandonar o sistema de coivara, que não é ecologicamente correto, para utilizar adubos orgânicos", revela Graça Zoghbi.
E é embaixo da terra que se desenvolve a parte mais cobiçada da priprioca, os tubérculos, estruturas subterrâneas que apresentam o aroma agradável que chamou a atenção não só da população paraense e da ciência, mas também de grandes empresas de cosméticos, como a Natura.
"Além de ter um perfume denominado 'Priprioca', a empresa de cosméticos Natura também usa essa planta na composição de outros produtos", informa Zoghbi.
Mas quem quiser usufruir do cheiro bom dessa planta aromática sem onerar o bolso pode procurar o mercado do Ver-O-Peso, cartão postal de Belém, ou lojas de produtos regionais, onde sachês – pequenos envelopes de papel que trazem o tubérculo da priprioca em forma de pó - são vendidos a preços que podem variar entre R$ 2 ou R$ 3.
E a cobiça da indústria nacional de fragrâncias pela priprioca existe em função do óleo essencial desse vegetal, extraído, principalmente, do tubérculo.
"O óleo é muito interessante para a perfumaria, pois apresenta qualidade olfativa excelente e também confere uma fixação do perfume", sugere Zoghbi.
ALÉM DO BANHO, CAMA E MESA
Além de evocar boas energias para a festa de São João ou para o ano que entra por meio do banho, a priprioca também apresenta efeitos analgésicos e anti-bacterianos, dentre outros, que, segundo relatos científicos, podem auxiliar no alívio de dores ou baixar a febre e, dessa forma, ajudar qualquer doente a levantar da cama.
No artigo intitulado Uso e importância econômica da Priprioca no Pará, escrito por Jorge Oliveira, também da Coordenação de Botânica, do Museu Goeldi, em parceria com Graça Zoghbi, há relato de que os tubérculos foram utilizados, durante muito tempo, na elaboração de uma tintura analgésica e antitérmica.
O líquido, denominado "vinagre aromático", era comercializado nas farmácias ou produzido de forma caseira e continha, além da priprioca, o vinagre, folhas de eucalipto e dentes de alho. Essa tintura banhava compressas geralmente aplicadas na testa, contra dor de cabeça, e no peito e costas do paciente para atenuar a febre.
Esse vegetal também é utilizado, em menor escala, para fins decorativos: a "palha" da priprioca - como é conhecido, no artesanato, o escapo floral que constitui a parte aérea da espécie - é reaproveitada pelo artesão Josué Meireles no acabamento de peças decorativas como vasos, cinzeiros e caixinhas de madeira.
"É um uso da priprioca que poucos conhecem aqui no Pará", informa Zoghbi. "Ele trabalha o que não é utilizado na perfumaria, que é o caule, também desprezado pelos feirantes.
Com um pequeno cultivo no seu quintal, Josué Meireles abre, seca e tinge o caule".
A pesquisadora ressalta a agilidade do artesão, o qual conheceu por intermédio de um programa de televisão e que comercializa o trabalho de decoração na tradicional feirinha da Praça da República, no centro de Belém. "É um trabalho bem interessante".
FRUTOS DA PRIPRIOCA
Segundo Graça Zoghbi, os estudos com a priprioca proporcionaram o investimento na formação de recursos humanos qualificados para a Amazônia, por meio da concessão de bolsas de iniciação científica e apoio técnico, da formação de mestres e doutores e da realização de trabalhos de conclusão de curso com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre esse recurso aromático paraense.
E esses frutos não são apenas para o Museu Goeldi, mas para todas as instituições que, ao longo desses oito anos, empreenderam esforços no sentido de conhecer e dar a conhecer essa planta tão importante para o sustento de caboclos do interior do Pará.
Graça recorda que, no trilhar desse caminho científico, foi essencial a parceria estabelecida pelo Museu Goeldi com vários pesquisadores, dentre eles, Pergentino Sousa e Gisele Guilhon, da UFPA; Milton Mota e Carmem Célia, da UFRA; e Antônio Pedro, da Embrapa Amazônia Oriental, além das parcerias de casa, com os estudiosos Eloísa Andrade, Raimunda Potiguara, Jorge Oliveira, Elielson Rocha e Léa Carrera, da Coordenação de Botânica (CBO), do Museu.
UM RECURSOS AROMÁTICO DO PARÁ
E as descobertas feitas ao longo dessa quase uma década de pesquisas concretizaram-se na obra Priprioca: Um recurso aromático do Pará, que compila 21 artigos científicos de botânicos do MPEG, UFPA, UFRA, Embrapa e UEPA, organizados pelas pesquisadoras Graça Zoghbi e Raimunda Potiguara, da CBO, do Museu.
Lançado no último dia 11, em Belém, com o patrocínio do Banco da Amazônia, o livro aborda, dentre outros temas, a distribuição geográfica, o uso e a importância econômica e a análise das cadeias produtiva e comercial da priprioca. Ima Vieira, diretora do Museu Paraense Emilio Goeldi, abriu a cerimônia de lançamento da obra, ressaltando a relevância tanto da espécie quanto do livro para o cenário amazônico.
"É uma espécie importante para a Amazônia, que passou a ser importante também para outras regiões", disse. Vieira também destacou Priprioca: um recurso aromático do Pará como elo entre as cadeias de conhecimento, produção e comercialização da planta.
Josebel Akel Fares, da Universidade do Estado do Pará, destacou a importância da parceria entre a instituição e o Museu Goeldi. Ao final do lançamento, as autoras, Graça Zoghbi e Raimunda Potiguara, autografaram a obra, vendida na ocasião pelo preço promocional de R$ 20.
ONDE COMPRAR Livro:
Priprioca: Um recurso aromático do Pará Preço: R$ 25,00 Livraria do Museu
Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi Térreo da Rocinha Av. Gov. Magalhães Barata, 376 Bairro de São Brás – Belém/PA CEP 66040-170 – Brasil Telefone: 55-91-32191252 Fax: (91) 3259-6588
E-mail: livraria@museu-goeldi.br
Web: Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi Av. Perimetral, 1901 Bairro da Terra Firme – Belém/PA CEP 66077-530 – Brasil Telefone/Fax: (91) 3274-1811
E-mail: mgdoc@museu-goeldi.br
FONTE Museu Paraense Emilio Goeldi Serviço de Comunicação Social
Links de referencia:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico www.cnpq.br Universidade Federal Rural da Amazônia www.ufra.edu.brServiço de Comunicação Social comunicacao@museu-goeldi.br
Universidade do Estado do Pará www.uepa.br
Universidade Federal do Pará www.ufpa.br
Museu Paraense Emilio Goeldi www.museu-goeldi.br
Embrapa Amazônia Oriental www.cpatu.embrapa.br
livraria@museu-goeldi.br livraria@museu-goeldi.br
mgdoc@museu-goeldi.br mgdoc@museu-goeldi.br
Museu Goeldi www.museu-goeldi.br
Embrapa www.embrapa.br
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